Não nos libertamos de um hábito atirando-o da janela.
É preciso fazê-lo descer a escada, degrau a degrau...

quinta-feira, 29 de abril de 2010


Era uma vez uma pequena lagarta que sonhava.

Sonhava com o dia em que, tal como as suas amigas, se tornaria uma linda borboleta. Todos os dias ela olhava para as amigas com inveja e ouvia as risadas disfarçadas, os comentários que dissimuladamente teciam dela. E esse dia, em que seria acolhida como uma igual, nunca mais chegava.

A pequena lagarta chorava. Sofria em silêncio a mágoa do desprezo e carregava calada o peso da diferença. Sabia que para ser feliz, era preciso ser bonita e desejada como as amigas!

Então, um dia, a lagarta acordou e tinha-se transformado numa linda borboleta! Agora, todas as amigas olhavam para ela, invejosas da sua beleza. Era a vez dela gozar a vida e brincar com os sentimentos dos rapazes, como tinham feito com ela ao longo dos anos. Finalmente ia encontrar a felicidade que tanto desejava!!

Mas os anos foram passando e a borboleta, apesar de bonita, continuava sozinha. Todas as suas relações não chegavam a amadurecer. E a pequena borboleta percebeu que o odio que foi acumulando ao longo dos anos a tornou numa pessoa fria, insegura, e sem capacidade de amar.

E aí, ela finalmente percebeu! Que não era a sua aparência física que a impossibilitava de ser feliz! A felicidade não estava dependente da sua beleza, mas sim da sua maneira de ser, da sua personalidade, da forma como encarava a vida, da forma como se aceitava a si própria.

E pela primeira vez na sua vida, a pequena borboleta desejou voltar a ser aquela lagarta tímida que, sem se aperceber disso, um dia tinha sido tão feliz.